CASA DE RANQUINES: UMA HISTÓRIA PARA LEMBRAR OS ESQUECIDOS
Localizada na
Ladeira da Catedral, no prédio azul de número 111, a Fraternidade Casa de
Ranquines, fundada pelo irmão José Maria, tem como foco ajudar pobres e
moradores de rua. O texto a seguir apresenta dois personagens que, por meio da
caridade, mudaram completamente o rumo de suas vidas.
Por Ana Cecília e Elayne Pontual
Abandonos, violência, fome, miséria, todas
as mazelas sociais coabitam ali, na simpática casa azul no meio da ladeira. À
primeira vista, apenas uma casa, mas os passantes mal sabem que nela são
acolhidas solidões dos mais diversos tipos. É o porto seguro, o abraço, o
conforto de toda dor, do corpo e da alma.
Há sete anos, a Fraternidade Casa de
Ranquines acolhe todos aqueles que ninguém quer, que foram jogados como sujeira
debaixo do tapete, os esquecidos, os invisíveis, os velhos dos hospitais, as
crianças das ruas que comem lixo, os mendigos, os miseráveis. Aqueles que não
têm sede só de água e nem fome só de feijão. Aqueles que têm, sobretudo, fome
de amor, de carinho e de atenção. Os que não têm esperança no amanhã e nem
brilho nos olhos. Encontram ali, alguém com que podem contar. Uma família.
A instituição de origem católica, fundada em
2006 pelo irmão José Maria (frei Vicentino), tem
como foco o trabalho com pobres e moradores de rua. Já atendeu cerca de 70
pessoas que foram encaminhadas à clínicas de reabilitação para dependentes
químicos. Outros foram ainda conduzidos para
cursos profissionalizantes, retornando ao mercado de trabalho logo em seguida.
Luciano de Araújo Alves, frei Luciano, tem
26 anos e há cinco resgata solidões na Casa de Ranquines. Descobriu sua vocação
quando participava do grupo religioso dos Vicentinos que acolhia famílias carentes da região metropolitana de Maceió.
Para ele, o mundo será um lugar melhor quando as pessoas pararem de desprezar o
próximo, sorrirem mais, se abraçarem e se olharem nos olhos.
Nas grotas, nas ruas, no submundo onde pouca
gente penetra, a fraternidade, hoje com seis religiosos, está presente,
resgatando as vidas daqueles que não tem mais com quem contar. Seja no fim ou
mesmo no início da vida.
Sede da instituição, localizada na ladeira da Catedral, Centro de Maceió (Foto: Divulgação)
QUESTÃO DE ESCOLHA
Irmão Luciano, como gosta de ser chamado,
tem o brilho nos olhos, daqueles que só quem encontrou seu lugar no mundo, têm.
“Eu conheço o sabor da verdadeira felicidade
e ela se encontra no servir ao próximo. O que fazemos aqui deixamos de herança
para os outros, o bem que semeamos aqui será deixado no ar como uma energia”,
explica sorridente.
Com o riso solto, Luciano explica que as asperezas
e amarguras comuns da existência não lhe impediram de disseminar a esperança,
que carrega em si, por um mundo menos desigual, por um mundo de amor, dentro e
fora das paredes daquela casa.
A pobreza lhe dói, mas aprendeu desde cedo
sobre compaixão. Aprendeu a dividir o que não tinha, a somar, a doar a quem
tivesse menos e precisasse mais. Preservou em si e compartilhou a noção de
solidariedade, todos eram bem vindos ali, todos os esquecidos. Largou seu
antigo mundo para servir, renunciou pai, mãe e
casa; queria ser por inteiro para aqueles que viviam sob o céu estrelado, sob
as nuvens negras, entregues a toda sorte. E a todo azar.
Velhos esquecidos nos hospitais, abandonados
pela família, sem memória e sem futuro. Com o rosto marcado pelo tempo e alma
pelas dores. Luciano lembra bem de cada um, de suas histórias e seus medos.
UM “BOM DIA” QUE FAZ A
DIFERENÇA
Sem ajuda governamental, a fraternidade
sobrevive de doações, de bons corações. O frei garante
que nunca faltou nada, apesar das dificuldades. Uma de suas maiores tristezas é
a indiferença das pessoas em relação àqueles que estão abandonados. Um universo
de invisíveis. Como quem estivesse sentado na calçada pedindo esmola fosse
indigno de atenção.
Frei Luciano não perde a esperança. “Tem muita
gente boa pelo mundo e os bons podem e fazem a diferença. Bondade e humildade
podem ser trabalhados, basta a boa vontade de voltar os olhos para os
excluídos, aqueles que o poder público parece não enxergar e que nós, com nossa
cegueira voluntária, também não”, declara.
Abraço
como fonte de cura, o amor como cicatrizante de feridas, para o irmão Luciano,
é o que falta. “Até existe amor, mas falta entrega. Afinal, quem não precisa de
um abraço? Quem não precisa ser ouvido? Quem não precisa de um ombro amigo? Aqueles
que estão na rua principalmente, já tão atormentados pelas mazelas de ordem
social e carentes de afeto. Tendo muitas vezes apenas a solidão como sua
companheira”.
Luciano
conta que muitos habitantes da Casa de Ranquines já relataram que suas vidas foram
parcialmente transformadas por um simples bom dia. Um homem contou que certa
vez estava na calçada das ruas do Centro de Maceió e alguém lhe deu um bom dia
e sorriu. O homem ficou emocionado pelo simples fato de ter sido notado. Não
era bem possível ter um bom dia no estado que se encontrava, mas sentiu uma
espécie de felicidade por não ser mais um que estava ali e que todos fingiam
não ver.
A fraternidade, além do trabalho de
encaminhamento de pessoas para clínicas ou mercado de trabalho, também realiza
um trabalho nas grotas de Maceió com crianças em situação de vulnerabilidade
social. Os pequenos, quando identificados, são encaminhados ao Conselho Tutelar
para que sejam tomadas as devidas providencias.
“Quando fazemos um trabalho, tanto com
crianças quanto com os mais velhos, eles se sentem muito felizes, já que alguém
demonstra se importar com eles. Gostam de sentar e conversar, às vezes nem
precisam de muito, só de uns minutos de atenção”, explica Frei Luciano.
Com lágrimas nos olhos, o frei conta uma das
histórias que mais marcaram aquelas paredes.
UMA HISTÓRIA PARA LEMBRAR
Era manhã de maio e faltava alimento. Como
dar de comer aos que ansiavam por aquele momento? Aquela única certeza que
vinha três vezes ao dia, em um mar de incertezas que eram suas vidas.
Frei Luciano saiu
desesperado pelas ruas do Centro da capital procurando ajuda, quem lhe pudesse
fornecer os alimentos que precisava. Recebeu um não em todos os lugares que foi.
Embora a causa fosse nobre, ninguém se dispunha a ajudar. Era preciso dinheiro
e dinheiro ele não tinha. E naquela manhã de maio, Luciano chorou. Chorou como
uma criança, chorou como um adulto desesperado, chorou como quem não tinha
saída. Sentado no chão da cozinha implorou a Deus por misericórdia, pois tinha
esgotado suas forças e não queria ver a tristeza no rosto daqueles que batiam a
sua porta à procura de comida.
A campainha tocou, eram
10h50. Ele viu no portão um rapaz que pedia para conhecer a casa. Sem maiores
cerimônias, o frei apresentou os quartos, a sala, os moradores.
- Você me apresentou
toda a casa, mas não me levou na cozinha – disse o rapaz.
Luciano envergonhado
abriu os armários, a geladeira e a dispensa:
- Como pode ver, tá
faltando mistura hoje. Fui atrás, mas não consegui. Só recebi não.
- Então troque de roupa
que eu vou lá comprar com você agora. Eu quero ir exatamente aos lugares onde
te negaram comida – respondeu decidido.
Compraram tudo o que
era preciso e na hora marcada, os portões estavam abertos, à espera de todos
aqueles sorrisos. Aquele dia teve um gosto especial, teve sabor de gratidão,
dos que comem e dos que alimentam.
Essa história ficou
gravada nas vidas de todos da fraternidade, que apesar dos massacres do dia a
dia, o bem ainda persiste, mesmo em meio aos escombros, mesmo em meio às
pequenas maldades e omissões cotidianas. Esse mal rotineiro e persistente,
camuflado. Esse mal, chamado indiferença.
O mundo seria melhor,
ou a existência doeria um pouco menos, se fosse feito um esforço pessoal e
conjunto para se colocar no lugar do outro, antes de desprezar. Se colocar na
pele do outro no minuto anterior ao desprezo. Uma frase do pensador e
quadrinista argentino, Quino, dita pela personagem Mafalda e que ilustra bem
essa indiferença de que tanto tratamos: “E não é
que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?”
Mas
ainda há esperança nas pessoas, a Casa de Raquines é um retrato, a comprovação
de que nem tudo está perdido, de que ainda é permitido sonhar, que fazer bem
não é questão de romantismo ou idealização, fazer o bem é possível e não é tão
difícil. Sabe o coração de carne? Basta ter um. E para ter um, não é necessário
ser dono de nenhuma fortuna ou ocupar uma boa posição na sociedade. Basta
reconhecer, no outro, a si mesmo.
Um
exemplo de reconhecimento mútuo aconteceu numa sexta-feira santa quando,
através de um olhar, Luciano se viu em Ubiratan e Ubiratan, por sua vez, se encontrou
em Luciano. Para entender melhor como se deu este encontro, contaremos um pouco
da história do morador de rua que enfrentou moinhos de vento, assim como o
fidalgo Dom Quixote. Meras alegorias de uma tempestuosa realidade, os moinhos de
Ubiratan nem são moinhos, nem são dragões. Tratam-se de monstros reais, dores
reais. Tão reais quanto qualquer angústia que possa nos acometer.
Frei Luciano de Araújo Santos atua na Casa de Ranquines há cinco anos (Foto: Ana Cecília)
HERÓI
DE SAIAS
Nas
noites vazias de Maceió, cheio de fome e movido pelo instinto de sobrevivência,
o herói alagoano veste sua poderosa fantasia e parte para a luta: Cola no corpo
uma saia curtinha, monta num salto alto e na auto estima, cobre o rosto de
maquiagem, sorrisos e coragem para, assim, poder garantir o pão do dia. E
também o crack, sua droga favorita.
Uma
pessoa “danada” como Ubiratan, apesar de não roubar ou assaltar, tem seus
métodos de sobrevivência e quem quiser que diga que seu trabalho não é honesto.
Aos 43 anos, dono de uma maturidade exausta, o que lhe importa mesmo é a
consciência leve e a dele parece flutuar a cada gargalhada ou palavra sincera.
A
fantasia de herói (ou seria heroína?), mesmo lhe atribuindo poderes que até
Deus duvida, não o impede de ter medo, sequer o protege de uma dor que aperta o
peito dia e noite, ardendo nos olhos e congelando cada extremidade de seu
corpo. Esta dor tem nome e acomete milhares de brasileiros: Ela se chama
solidão, companheira fiel e inseparável das almas injustamente classificadas
como perdidas. Mas não é a mesma solidão dos melancólicos, não é uma solidão escolhida e acolhida, é a solidão dos abandonados,
dos excluídos e rejeitados, muitas vezes apenas por decidirem ser eles
mesmos.
MERAS ESTATÍSTICAS
É
assustador o número de pessoas como Ubiratan, empurradas diariamente no abismo
da indiferença. Segundo dados do IBGE, no Censo de 2010 e pesquisas do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 16,2 bilhões de brasileiros se encontram
em situação de miséria, o que equivale a 8,5% da população.
Pessoas como Ubiratan dão braçadas agoniadas,
carregando seus corpos esquálidos e ofegantes para conseguir o básico. Estão
todos ansiosos por alimentar o estômago e desesperados para anestesiar a mente.
Sequer se dão conta de que foram cercados pelos muros de um sistema cruel que
oferece migalhas em troca de vidas, converte dinheiro em felicidade e
transforma honestidade em pó.
Nesse
sistema, para ser considerado gente, é preciso seguir apenas duas regras
básicas: A primeira é esquecer quem você é e fazer o possível para alcançar o
que é considerado “perfeição”, escondendo nas profundezas da alma as fraquezas
que nos tornam humanos. A segunda e última é comprar uma personalidade,
montá-la de acordo com os padrões exigidos e depois fazer um leilão de si
mesmo. Obviamente, quem oferecer o maior valor, ou seja, quem tiver o melhor
emprego e apresentar maior estabilidade financeira, leva. Exagero? Ubiratan
quem o diga!
Melhor,
nós diremos por ele. Mas, deixamos claro que, depois de algumas horas ouvindo
sua história, ficou evidente o quanto nossa humanidade é complexa. Durante a
entrevista, Ubiratan se descobriu e redescobriu em vários momentos. Começava
falando de si como se fosse o ente mais próximo, mas não demorava para que se
mostrasse surpreso com o que estava falando, como se acabasse de revelar o
segredo mais profundo de uma pessoa desconhecida. E, claro, quem somos para
entender o universo de Ubiratan, em sua totalidade, se nem ele mesmo pode compreender?
No entanto, contaremos o que ouvimos e prometemos ser o mais fiel possível às
nossas impressões e à memória deste grande herói.
Ubiratan Joel Marcolino deixou as ruas e passou a distribuir esperança como um dos voluntários da instituição. (Foto: Ana Cecília)
ALMA FEMININA
Ubiratan
até que seria uma pessoa normal se as outras pessoas não insistissem tanto em
dizer que ele nasceu homem. Isso deixou o menino atordoado! E homem por acaso
tem passos leves, coração mole e a delicadeza de uma flor? Pois é assim que ele
se sente, é assim que ele é: Nasceu mulher e aquilo que carrega por entre as
pernas é meramente ilustrativo. Diferente de seu coração que, contrariando a
todos, pulsante e ardente, insiste em gritar: “Você é mulher. Sim, uma
m-u-l-h-e-r!”.
Ubiratan
decidiu ouvir seu coração e ignorar as loucuras que inventavam sobre ele. Pena
que essa atitude mudou sua vida para sempre e, aos 6 anos, o herói de saias
sentiu o peso da rejeição.
Tudo
começou quando o padrasto percebeu sua “delicadeza”. Diferente dos outros 10
irmãos, Ubiratan era do tipo que andava saltitando e sacudindo os quadris.
Pagou caro por seus trejeitos. Desprezo, surras e castigos foram o início de
uma injustiça que até hoje deixa marcas profundas, feridas abertas e alguma
revolta que ele teima em esconder. Ou prefere não mexer, pra evitar uma
catástrofe.
“Não
sou bom da cabeça e qualquer coisa me estressa, mas não sou uma pessoa
rancorosa e não gosto de gritar aos quatro cantos o que acontece de ruim
comigo, nem dou nome aos que me maltrataram’, afirma.
Começou
a beber e a fumar aos 13 anos, quando descobriu que aquele homem, motivo de
tanta desgraça em sua vida, sequer era seu pai de sangue. Não suportando a
última grande surra que levou, decidiu fugir de casa e, para manter seu
sustento, foi ganhar a vida num cabaré localizado no bairro do Canaã.
As
drogas, depois das atitudes de seu padrasto, são sua maior perdição. Até hoje,
e seus cabelos brancos são testemunhas disso, esses dois elementos o fazem dar
passos em falso e quebrar a cara em quedas homéricas. Difícil é imaginar onde
ele consegue tanta força para se reerguer. Que fio invisível suporta um corpo
já tão enfraquecido, junto ao peso de uma mente perturbada e uma alma em
choque? São atitudes que vão além da nossa compreensão.
Aos
18 anos, Ubiratan foi procurado pela mãe que, arrependida, queria oferecer uma
vida digna ao filho. Ele trocaria as noites na “casa de amor” por dias inteiros
em um salão de beleza. Trocaria calcinhas sexys por um avental, camisinhas por
luvas, pesadelos por esperança. Tudo parecia encaminhá-lo ao paraíso quando a
vida resolveu lhe pregar uma grande peça, arrancando de seus braços o escudo
protetor, alguém que foi capaz de reconhecer as próprias falhas, lutar contra o
preconceito e contra qualquer um que tentasse machucá-lo. A mãe de Ubiratan
faleceu levando com ela todos os sonhos onde as águas eram mais límpidas e
calmas, a tempestade era brisa, a indiferença zelo, e a brutalidade
delicadeza.
Passado
algum tempo, seu padrasto faleceu, deixando para Ubiratan cada parede da casa
que escondeu do mundo as agressões físicas e verbais investidas contra ele.
Cada metro quadrado de chão onde Ubiratan corria para fugir da dor. Ubiratan
herdou então todas as noites de lágrimas e pensamentos confusos sobre o porquê
de tanta violência e incompreensão. Naquele lugar, as lembranças ficaram tão
vivas que ele quase pôde sentir arder no corpo o impacto de tudo que ali o
atingiu. E o feriu. Não suportou. Vendeu a casa e gastou todo o dinheiro com
drogas.
SANTA SEXTA-FEIRA
Sem
abrigo, foi morar na rua. Se fosse possível, vendia também as calçadas e
paredes imundas das praças e becos de Maceió para alimentar o vício no crack.
Mas a rua não tem dono e nela ninguém é de ninguém. E é aí que mora o perigo.
Além da fome e solidão, a vulnerabilidade. Entregue aos riscos e ameaças,
Ubiratan passou por situações de quase morte: Já levou quatro facadas e certa
vez caiu, drogado, de uma cisterna de 45 metros de altura, além da queda de uma
moto que deixou como herança um nariz torto. “Falta levar tiro. Mas isso não
vai acontecer, se Deus quiser”, brinca.
Ubiratan
gosta do nome “Deus” porque consegue, mesmo depois de tantas aprovações, achar
mais motivos para acreditar do que para duvidar. E a explicação está na já
mencionada sexta-feira santa, quando, vagando pelos entornos da Praça dos
Martírios, no Centro da cidade, encontrou e foi encontrado por Luciano de
Araújo Alves, o frei Luciano, do começo de nossa história. Lembram?
Bastou
um olhar, para que Luciano reconhecesse as feridas causadas pela indiferença.
De tanto conviver com os abandonados, o frei sabe identificar facilmente as
vítimas da desigualdade, sem precisar observar as camada de sujeira que os
cobre ou se incomodar com o mal cheiro que exalam. Parece fácil, mas esse olhar
não é o mesmo de quem passa e apenas olha. É o olhar de quem vê, de quem
enxerga e sem palavra diz que compreende, mostra que ali tem alguém igual.
Durante
muito tempo Ubiratan acreditou que a humanidade já não exista. Através do olhar
de Luciano, ele reconheceu em si e no próximo o afeto e a benevolência.
Sepultou-se com sua mãe, mas ressuscitou naquela sexta-feira santa.
Há
dois meses sem ingerir bebidas alcoólicas ou qualquer outra droga (ele
garante!), o ex-morador de rua Ubiratan Joel Marcolino da Silva reside atualmente
na Casa de Ranquines. Lá, ele auxilia o Frei Luciano no trabalho de apoio a
moradores de rua, servindo em média 200 refeições por dia, dentre café da
manhã, almoço e jantar, para cerca de 208 desabrigados. Lá, ele oferece aos
outros o que durante muito tempo não teve para si, lá ele divide a esperança
que conquistou com muito esforço. Ubiratan agora é um exemplo a ser seguido.